terça-feira, 28 de outubro de 2008

Abater o melhor amigo do homem


Custa sempre quando vemos o melhor amigo do homem envelhecer, começar a ter problemas em lidar com o dia-a-dia. Pensamos que talvez seja melhor acabar com o seu sofrimento.
Felizmente a minha cadela está de boa saúde com os seus nove anos, claro que falo do meu fiel Renault Clio. Embora tenha conduzido carros maiores, mais potentes, mais performantes e bonitos continuo a adorar aquele pedaço de automobilismo francês do início da década de 90.

Fez este ano, em Janeiro, quinze anos. Em anos de carro é uma vida. Tem sido um companheiro espectacular, uma máquina que apesar de todas as suas falhas quer continuar a andar. Mas sinto que está na hora de o substituir. E na compra de outro carro, sejamos honestos, os € 1500 serão uma grande ajuda.

Começa então um género de ritual de passagem para o homem - a procura de carros usados. Ninguém no seu perfeito juízo deverá comprar um carro novo a não ser que os pontos mais importantes que procura num veículo sejam a cor da madeira do tablier ou tom dos estofos.

A procura começa. Mas a questão essencial é o que devo procurar? A primeira ideia que nos vem à cabeça é a mais-que-típica um Série 3 Coupé a preço da uva mijona? Sim, por favor! Eu também tive essa ideia, pensei até num estimado 318Ci. Nada de diesel para mim. Até que um belo dia vi (com olhos de ver) um Série 3 Coupé na estrada. E, mais importante, o tipo de condutor que está ao volante. Camisas berrantes e produtos capilares excessivos, para mim não obrigado.

Peço então a opinião ao meu estimado amigo Duarte - que teme os problemas mecânicos mais ou menos da mesma maneira que o Asterix temia que o céu lhe caísse em cima - que sugere de imediato algo modesto. O problema é que quando eu lhe pergunto o quê o que lhe vem à ideia são ou carros bons mas que continuam muito caros (por exemplo o Clio III) ou um VW mais antigo.

De início não percebia o que ele queria dizer por modesto. Pequeno? Comunista? Ou ambos, misturados na forma de um Citroen 2CV? Um Série 3 é um bom carro, óptimo de se conduzir e bem construído. E um E46 do início da década não é nada caro. Mas, voltando ao tipo de pessoa que o conduz, acaber por ver o que o Mac queria dizer por modesto. Quando foi a ultima vez que olharam para um condutor de BMW e disseram ali vai um tipo que doou para várias instituições de caridade ou acho que aquele homem no BM vai a 200 km/h para ir dar sopa aos pobres, quando foi?

Não tenho (quase) nada contra os condutores de BMW. Apenas não quero ser um (ainda). Gostei do Fiat Coupé, mas também gosto de me deslocar para outros lados que não a oficina. Ou será que gosto? Depois de procurar MX-5's e outros pequenos roadsters como TF's e smart's finalmente vi a luz ao fundo do túnel. Um túnel que vai dar a Turim.

Disse a mim mesmo (eu tenho o maldito hábito de falar sozinho) que carros é que eu adoro e que usados são uma pechincha por desvalorizarem mais rápido que o gelo ao sol? Fácil. Alfas.

De imediato pensei num GTV em rosso Alfa, com jantes "orelhas Rato Mickey". E depois pensei na conta de cada vez que fosse ao mecânico ou na eventualidade de precisar de levar alguém no banco de trás. E o pensamento ficou por aí.

Depois de afastar o espectacularmente desenhado GTV passei ao 156. Quatro portas, mala mais que suficiente, espírito e alma a sobrar. Mas num 156 fica bem um diesel, o 1.6 Twin Spark é pouco, e para manter o 2 litros é preciso vontade e carteira. E adivinhem qual das duas me falta neste momento?

Ora vamos lá ver: quero um Alfa, 1.6 Twin Spark, mais leve que o 156 mas com portas atrás. Fácil, o 147. Um rival do Golf, do A3 e do Leon (notam a redundância?) que não só é bonito, mas prático também. E o Alfa mais fiável da sua geração. Já o imagino em preto com os estofos claros, numa estrada nacional, o seu pequeno Twin Spark a rodar e o satisfatório som de 120cv... É melhor parar senão começo a ficar emocionado.

Bem, está concluído. 2009 será o ano do 147. A não ser que me calhe algum tipo de jackpot de algum género de jogo de alguma espécie de instituição de caridade. Se assim for, um dos posts do próximo ano será o relato de uma viagem ao sul de França num DB9. Senão, serei Alfista. Mas nada de Selespeed, quero manter a minha sanidade mental - o pouco que vai sobrando. JN